Como mudar nossos maus hábitos.

Esse texto é baseado em experimentos e estudos realizados pela neurocientista Tali Sharot, professor de neurociência cognitiva na Universty College London, que tem sua linha de pesquisa baseada em vieses positivos.

Se pararmos para uma breve reflexão, entenderemos que nossa tentativa de evitar maus hábitos é sempre baseada em advertências negativas de futuro. Por exemplo, se a ideia é parar de fumar, vinculamos isso a um possível câncer de pulmão, ou se, a ideia é parar de comermos guloseimas, associamos isso ao fato de que ficaremos gordos, e assim por diante.

Ou seja, nós sempre tentamos mudar as nossas atitudes ruins impondo a nós e aos outros, advertências negativas na tentativa de causarmos medo do futuro. Pois temos uma crença coletiva de que o medo nos fará agir, entretanto as pesquisas nos mostram que a chance de sucesso utilizando essa técnica é muito baixa. O que é simples de entender, basta associarmos ao mundo animal, a grande maioria dos animais, quando submetida ao medo, paralisam ou fogem, dificilmente atacam.

Nós humanos não agimos diferente do que age a grande maioria dos animais, quando somos submetidos ao medo, agimos basicamente de duas formar: em negativa a advertência que recebemos, Por exemplo: o “cigarro mata”, e nosso pensamento é:  “meu avo fumou até os 90 anos, minha genética é boa”. Ou enfiamos nossa cabeça em um buraco, um exemplo disso é uma pesquisa que mostra os acessos dos investidores aos indicadores de seus investimentos, quando o mercado financeiro esta em alta, eles olham com muita frequência, quando esta em baixa diminuem a frequência que visualizam seus investimentos, demostrando claramente uma fuga das má noticias e uma busca pelas boas.

Em outro experimento, pudemos observar que mudamos facilmente de opinião influenciados por boas noticias, mas o mesmo não ocorre quando as noticias são ruins. Em um grupo de 100 americanos, perguntaram qual a chance, na opinião deles, de terem câncer no decorrer da vida. Aqueles que responderam, por exemplo, 50% e que depois de sua resposta ouviram um especialista falar que a estatística para o grupo ao qual ele pertence à chance é de 30%, em sua resposta posterior, ele mudou sua chance de 50% para 30%. Entretanto quem tinha colocado que sua chance era de 10% e ouviu o especialista falando que sua chance na verdade era de 30%, em uma resposta posterior manteve os 10% ou alterou o valor para cima, mas de forma não significativa.

Então a pergunta é, porque em vez de advertimos negativamente, não incentivamos as imagens positivas que as pessoas tem? No experimento que descreverei a seguir, a eficiência dessa técnica, fica muito evidente.

É de senso comum o quanto é importante lavarmos as mãos para evitarmos doenças, ainda mais em locais como hospitais. Foi colocada então uma câmera, com a ciência de todos, para analisar a frequência que os médicos e enfermeiros lavavam as mãos ao entrarem e saírem dos quartos dos enfermos. O resultado é que somete 1 a cada 10 lavam a mão a cada vez que saiam ou entravam em um dos quartos. Como segundo passo, colocaram um painel eletrônico, em que cada vez que eles lavavam a mão, era pontuado no quadro imediatamente, além disso, o quadro mostrava o índice do turno e a índice semanal das equipes. A frequência mudou para 90%. Porque isso aconteceu? Porque em vez da técnica advertir negativamente, coisas do tipo: “não lavar as mãos pode propagar doenças”, gerando medo, ela se baseou em três pontos fundamentas que nos fazem agir:

Incentivo Social: Somos seres sociáveis, portanto nos importamos com o que os outros estão fazendo e queremos fazer igual, ou melhor, portanto ter o resultado dos grupos, gera o interesse de também querermos fazer.

Recompensa imediata: Cada vez que eles lavavam a mão, era mostrado no quadro, ou seja, a recompensa era imediata. Isso acontece, porque valorizamos mais recompensas imediatas do que recompensas futuras. Tendo isso em vista, se o objetivo e parar de fumar, por exemplo, é melhor pensarmos que meu desempenho no esporte vai melhorar, caso eu pare de fumar, do que a advertência que eu morrerei de câncer no futuro, caso eu não pare de fumar. O que é imediato faz mais sentido para nosso cérebro do que um futuro ao qual eu não sei como será e não tenho nenhuma garantia.

Monitoramento do progresso: Era possível ver a evolução das ações no quadro. Toda a vez que vemos a evolução de nossas ações, conseguimos ver melhor o futuro, e também nos da à sensação de controle, e nosso cérebro sempre busca por essa sensação, o que nos ajuda manter no foco, até que isso se torna um habito, um estilo de vida.

Portanto se você esta buscando mudar um habito ruim, o caminho não é tentar intimidar a si mesmo, gerando medo através de advertências negativas de futuro, pois isso só gerará inercia. O caminho é criar uma expectativa de prêmio imediato, ligado ao monitoramento do progresso e unindo o incentivo social, com isso você terá ação e boas ações geram novos e bons hábitos.

 

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